Evite esses perigos no seu diálogo!

 Diálogos são muito importante, especialmente para light novels, muita informação é passada pelos diálogos. Os diálogos podem carregar a cena sozinhos e também podem destruí-la.

Saber fazer bons diálogos é o que separa o escritor amador do escritor experiente. Criar um bom diálogo não é só escrever dois personagens falando, não é só tentar imaginar como as pessoas falariam na vida real, é considerar que você está escrevendo um diálogo de ficção.

Animê: Oshi no Ko

Hoje vou trazer algumas dicas de coisas a se evitar com seus diálogos para torná-los mais agradáveis na hora da avaliação:


1.Não use seus diálogos como narração.

Mas o que seria usar um diálogo como narração? É quando você coloca seu personagem para descrever a cena e poupar a narração disso.

Exemplo:

— Helen, por que você está segurando um machado grande sujo de sangue atrás de si?

Desnecessauro, não concorda? Seus personagens não devem servir de narrador por meio dos diálogos.

2.Uso exagerado do vocativo

Nós já sabemos que o vocativo é o que usamos para chamar a pessoa com quem estamos falando, pode ser o nome deles, pode ser um apelido, pode ser uma descrição. Um costume que não temos na língua portuguesa é abusar do vocativo em conversas, normalmente, até evitamos ficar falando o nome da pessoa com quem estamos falando. Isso é bem diferente do japonês, em que se referir a pessoa pelo nome é um fator de educação. 

Vamos a um exemplo para deixar mais claro:

— Kyn, você revisou a novel?

— Revisei sim, Tany.

— Tem certeza, Kyn?

— Absoluta, Tany, por quê?

— Você enviou o arquivo errado, Kyn.

— Ops.

Reparem como toda fala tem a "Tany" e o "Kyn" se referindo um ao outro pelo nome? Isso costuma acontecer quando você está falando diretamente com alguém? Não. Então por que colocar isso na sua novel? 

É bem comum não pegar essa repetição, porque, diferente do exemplo criado e que obviamente não aconteceu no covil da staff, costumamos ter mais informação. Ainda assim, veja sempre se seus personagens não estão forçando o vocativo na fala sem necessidade.

Vamos ter outro exemplo abaixo:

— Não sei, Mia. Eu não confio muito nesses métodos... — Um fio de alívio brilhou nos olhos de Mia ao ouvir aquilo. — Mas acho que não custa tentar, né? Obrigado, Mia. Como sempre me salvando.

Aqui no exemplo, o autor-kun se superou e conseguiu colocar três "Mias", no começo, no fim da fala e na descrição! Ele merece um grande prêmio chamado "refaça isso ou pereça". A repetição pode vir até na própria fala. Leia essa fala em voz alta. Estranho, não? Poderíamos só deixar um Mia nesse trecho que resolveria tudo.

3.Descrições de fala em excesso.

Aqui é um problema bem chato e cansativo para o leitor. Muitos autores iniciantes acham que precisam ficar deixando claro quem falou o que e como a todo instante, mas... não. Não precisa. Se a sua fala já indica uma emoção clara, por que dizer "disse fulano, de tal jeito"? E se são só duas pessoas conversando, por que repetir sempre quem está falando o que, sendo que os diálogos já deixam isso claro. 

Exemplo:

— Mas que caralhos! Cadê a merda do meu dinheiro, Maya? — perguntou Lucky agressivamente.

— Fala mais baixo! E se alguém te ouvir? — respondeu a moça. — E para de me chamar de Maya, meu nome é Leonor.

— Calma aí, Leonor não é a porra do nome da filha do Barão? —  Lucky riu e então sussurrou. — Não me diga... você me ajudou a roubar seu próprio pai?

— Pois é, questões familiares, um elfo sujo e sem família como você não entenderia — disse Leonor de maneira debochada.

— Ah sim, claro, jamais entenderia, e você não parecia me achar sujo ontem à noite — disse Lucky zombando e dando um sorriso malicioso. — Por que a filha de um barão trabalharia na guilda?

Vamos fingir que essa postagem é um Caçadores de Reprovações surpresa e analisar esse trecho.

Primeiro, o cara já chegou gritando, veja o ponto de exclamação, já chegou fulo pelo uso do palavreado de baixo calão, é meio claro que ele disse aquilo de forma agressiva, que ele quer cobrar o dinheiro. Então, por que descrever que ele "disse agressivamente"?

Segundo, a moça já se apresentou na fala, para que repetir que foi ela quem respondeu? 

Terceiro, a moça, na quarta fala, já está debochando pelo tom com "um elfo sujo", não precisa repetir que ela disse e como ela disse, já entendemos que ela está insultando ele.

Quarto e último, já ficou claro que são só esses dois falando, por que repetir que o Lucky disse? A fala dele já dá a entender que é uma troca de farpas entre os dois.

Entenderam como esses problemas podem matar seus diálogos? Para mais dicas quanto a como criar bons diálogos, confira as postagens abaixo:

Diálogos: o que dizer, como dizer e por que dizer

Diálogos: como torná-los mais dignos

Quatro dicas importantes para bons diálogos

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2 comentários

  1. Eu sempre fico com essa pulga atrás da orelha, nunca sei se meus diálogos estão bons ou críveis o suficiente.

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    1. Uma boa forma é pedir que alguém leia e opine, ou até que tente reproduzir os diálogos com você, aí você pode ter uma ideia "como se seus personagens estivessem falando mesmo".

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