Caçadores de Reprovações - Outubro

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    Saudações! Está começando o quadro mais aguardado, temido, idolatrado, salve-salve, aqui do My Light Novel. Além de aprender a escrever melhor, você poderá entrar em contato com obras que foram encaminhadas para nossa caixa de entrada, vislumbrando um pouco do nosso ofício. Como benefício, você pode corrigir o seu texto com base nos comentários feitos em outro texto! O melhor de dois mundos.

    Sem mais delongas, vamos para o texto desse mês.

 


Conceito sem contexto


     Primeiramente, é importante entender que diálogos, descrições e narração possuem funções diferentes. Quando o autor inicia o texto com diferentes diálogos (que logo deduzimos pertencer ao mesmo personagem) na tentativa de incitar algum tipo de narração, como vista em filmes e produções audiovisuais, na verdade ele acaba demonstrando pouco domínio da escrita. Esses parágrafos iniciais, com diferentes diálogos pertencentes à mesma pessoa, poderiam facilmente ser transformados em um único parágrafo introdutório. Porém, teríamos outro problema para resolver.

    Perceba que o último diálogo da nossa pseudo-introdução diz: "Mas eu pensava que essa vida pacífica não ia acabar (...)". Caso transformássemos esses diálogos introdutórios em narração, estaríamos diante de um tipo de narração em primeira pessoa. Mais especificamente de um tipo de narrador personagem onisciente, já que ele aparenta conhecer o futuro da história. Até aí, problema nenhum. Até que passamos para o verdadeiro parágrafo narrativo e percebemos que o autor escreve em terceira pessoa. Aí complicou.

    Além disso, uma mudança possível seria inserir outra pessoa no meio desses diálogos para que não ficássemos com cinco falas diferentes e separadas pertencentes à mesma personagem. Essa é uma sugestão válida. Porém, caso fizéssemos desse modo, o texto teria de ter dividido em duas partes: aquela, no futuro; e essa, no presente. Não teria como manter o texto unificado, tal como o autor fez aqui.

    Ainda falando em narração, o autor muda de narrador-personagem onisciente na primeira pessoa no tempo presente para a narração em terceira pessoa no tempo passado. Dois problemas: além de mudar o tipo de narrador, o tempo verbal também está alterado e constantemente flutuando entre passado e presente pelo restante do arquivo. Uma verdadeira anomalia temporal.

    Finalizando esse excerto, é importante destacar que essa é uma obra de fantasia. Nós não recomendamos iniciar sua obra com muita exposição, o que é diferente de iniciar sua obra sem contextualização alguma. Por se tratar de um mundo fantástico com árvores diferenciadas de todos os tipos e variações de tamanho, além de possivelmente outras características que diferem do nosso mundo, é importante utilizar descrições para contextualizar o ambiente para o leitor. Desse modo, fica mais fácil de imaginar o que está acontecendo e de aceitar que os eventos acontecem dentro da lógica daquele mundo sendo descrito.

 


 

A Salamandra Observadora


 

     Agora vamos para as Salamandras. Ainda que seja o nome da magia, não é legal repetir o mesmo termo três vezes na mesma página. O autor poderia ter utilizado estruturas como "Aquela magia", "O animal invocado", "O familiar" e assim por diante para evitar a repetição desnecessária (e cômica desse termo). 

    Falando dos trechos em azul, vale ressaltar que descrever é diferente de expor. Detalhes como a altura de uma árvore ou o descritor de uma magia não são tão relevantes assim para esse contexto específico. Que diferença faria para o leitor saber se a árvore tinha um quilômetro e meio ou três quilômetros? Ambas são muito altas para nosso padrões arbóreos tradicionais. 

    Sobre a magia, essa informação foi superestimada pelo autor. Nesse momento, não importa saber se apenas invocadores profissionais usam essa magia. O leitor nem sabia que isso existia para fazer referência à informação. Caso um personagem trouxesse isso depois, relacionando William a um Invocador Profissional, elevando seu grau de importância dentro do mundo, seria muito mais interessante.

    Por fim, finalizando com os trechos em verde. São duas oportunidades perdidas de descrever algo aparentemente importante para o capítulo. Primeiro: Como William estava vendo o grupo através da árvore? Ele estava em cima dos galhos, mas vendo através da própria árvore? Talvez o autor quisesse passar a imagem de que William estava escondido entre a folhagem da árvore em questão, mas está aí a oportunidade perdida de descrever. Além de falar mais sobre como William estava, revelando seu comportamento não-verbal, poderia também ter descrito brevemente o grupo de aventureiros. Eles aparecerão mais adiante na história e essa seria uma oportunidade perfeita para realizar uma transição de cena.

    Segundo: temos uma salamandra voadora. Não é todo dia que vemos uma.

 


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