Arco de Personagem II: Plano e Negativo!

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Caramba, já faz uma semana que a gente não se vê. E hoje, como prometido, volto com os dois arcos restantes: o Arco Plano e o Arco Negativo.

Como a gente já viu no post passado os conceitos de Verdade e Mentira, apenas vou relembrar algumas coisas conforme avançamos, ok? Até porque as coisas mudarão radicalmente a partir de agora.
Ficou curioso para entender o que o Capitão Referência está fazendo na imagem? Quer saber mais sobre os arcos de personagem? Está entediado? Então Leia Mais!

O Captain, My Captain!


Para começar, será que você se lembra do Arco Positivo? Nele, o personagem tinha a Mentira em mãos antes de sua transformação gradual começar a acontecer. Depois, com o tempo, através dos Sintomas da Mentira e os inimigos que entraram em seu caminho, ele descobre a Verdade e alcança um outro nível de evolução humana: torna-se uma pessoa melhor em muitas características.
Um clássico “final feliz”.

Porém, se no arco Positivo nós tínhamos uma mudança positiva, no Arco Plano... O personagem permanece do mesmo jeito que começou?

“Mas uma história tem que ser sobre mudanças, Vong! Como isso existe? E como alguém usa isso em uma história?”

Acontece que no Positivo, a mudança era interna. No Plano, ela será externa.
Ou seja, se no primeiro havia uma evolução do personagem como ser humano, melhorando seu jeito de ser; no segundo haverá a atuação de um personagem no mundo, alterando-o por completo ou somente uma parte dele.

Nesse tipo de Arco, o protagonista já começa com a Verdade em mãos! Assim, diferentemente do Arco Positivo, o Plano não é sobre a Mentira que o personagem acredita, mas sobre a própria Verdade. Vamos dar um exemplo?

1. O Capitão América acredita que a liberdade não pode ser alcançada através do monitoramento intensivo dos cidadãos e da coerção dos mesmos, destruindo a oposição antes mesmo dela acontecer. Contudo, a SHIELD atua dessa maneira e ele se encontra insatisfeito com essa situação, chegando a conclusão que somente está sendo utilizado como uma arma nas mãos da organização.

Perceberam que o Steve já tinha sua Verdade em mãos? Desde sempre ele acreditou no mundo como sendo um lugar melhor sem que o poder fosse imposto por alguém — como acontecia no Nazismo, um pouco com a personificação do Caveira Vermelha — ao restante da população. Ele não passou por nenhum tipo de epifania ou sentiu os “Sintomas da Mentira”, porque ele nunca acreditou em uma: sempre teve seus ideais, de acordo com a história, sendo considerados corretos.

“Contudo, como surge o conflito?”

Gafanhoto, Gafanhoto... 

Lembra que eu disse, lá atrás, que o Arco Plano não se tratava de uma mudança interna, mas externa? Pois bem, o local externo também é chamado de Mundo Original.
Acontece que, nesse Mundo, as coisas não estão de acordo com os ideais do nosso protagonista. No caso do Capitão, a corrupção e a imposição do poder persistem. E é justamente contra isso que ele vai lutar. Esse conceito é muito importante, principalmente aqui, então preste atenção:

O Mundo Original será o símbolo da sua história, que será destruído pelo protagonista e sua Verdade — ou protegido por eles.

Vale ressaltar também que o personagem pode não ter consciência da Mentira, ou seja, novamente com o exemplo, o Referencia Man podia não saber do plano secreto da Hydra dentro da SHIELD, fazendo com que a corrupção corresse solta e a força fosse utilizada de modo desmedido.
Todavia, ao contrário da Mentira, a Verdade deve ser introduzida logo no começo da sua história, para que o leitor perceba que existe uma grande diferença entre o Mundo Físico e o Mundo Idealizado pelo nosso personagem.

Outro exemplo pode vir não de um aspecto macro, mas do micro. Em Gladiador, por exemplo, há a crença de que “Roma deveria continuar sendo a luz na escuridão, não apenas escrava de um único homem.” Essa luz vem do governo de Marco Aurelius, um homem sábio e compassivo. Porém, é aí que as coisas começam a ficar feias. Aurelius está morrendo e seu filho meio louco das ideias está prestes a assumir o poder. O que nosso protagonista deve fazer? Fugir para perto de sua família ou continuar em Roma e lutar pelo que acredita, fazendo com que Roma permaneça sendo uma luz na escuridão?

Aqui, Maximus – o protagonista — sempre soube o que quis e lutará para mudar a situação a sua volta. Entendemos o Arco Plano? Tudo certo até aqui?

Se quiser ir tomar uma água ou colocar as ideias no lugar, a fim de digerir melhor todo esse esquema, pode ir. Mas volta logo, porque agora é a hora do... tãtãtãtã... Arco Negativo!

Não tenham pesadelos com esses carinhas lindos.

Então, aqui estamos nós para a segunda parte do post. Sinceramente, esse é o tipo de arco que eu mais gosto. Então, vamos filosofar um pouco para que possamos entender o conteúdo do Arco Negativo.
Na nossa vida, é notável que fazemos mais coisas erradas do que coisas certas, não? Enquanto podem existir poucas, ou até mesmo somente uma maneira de obter sucesso — profissional, financeiro, pessoal —, há centenas de jeitos de falhar miseravelmente. No blog, por exemplo, recebemos novels com gramática ruim, descrições ruins, pontuação ruim, narração ruim, enredo ruim e assim por diante.
Para uma história ser aceita por nós, precisa ter, principalmente: um bom/ótimo enredo, gramática boa, descrições boas, pontuação boa e narração boa. Se ferona escrever de maneira polida, com figuras de linguagem e vírgulas, mas o enredo for ruim, ele receberá um Não. E assim suas variáveis aumentam. Percebeu? Existem muitas maneiras de não ser aceito, mas poucas de realmente ser publicado aqui.

E assim é na vida, na escrita e no Arco Negativo. Em suma, podem existir três rotas dentro dele: Queda, Corrupção e Desilusão. Assim como nosso amigo Jack, vamos por partes, ok?

ARCO DA QUEDA: Este aqui é parecido com o Arco Positivo. O personagem começa crendo na Mentira e permanece com ela até o final. Lembra que no Positivo, ele abraçaria O Que Precisava aos poucos? Aqui isso não acontece. Ele rejeitará todas as saídas para agarrar a Verdade e, aos poucos, se afogará em seus medos e loucuras, podendo levar aqueles que estão a sua volta junto com ele. O personagem acreditará mais firmemente na Mentira após rejeitar sua Nova Verdade.


  • Exemplo: Fulano acredita que deva possuir todos os relógios do mundo. Porém, na verdade, ele só é muito ansioso para as cosias. Após passar por um psicólogo e discordar de seu diagnóstico, ele fará de tudo para provar que ele não está louco e que realmente precisa de todos os relógios que existem.


ARCO DA CORRUÇÃO: Como o próprio nome sugere, este arco fala sobre ideais trocados. Vivendo em um mundo onde a Verdade é universal, nosso personagem é atraído pela Mentira. Aquele resquício de Mentira começa a se espalhar dentro dele, mesmo que a Verdade esteja na frente de seus olhos. Em síntese, aqui vemos um personagem que é bom ou tem potencial para isso, mas joga a chance fora para, conscientemente, aliar-se à Mentira. Aqui podemos ter histórias de corrupção, enredo movido por vingança, falta de oportunidades ou até mesmo uma opção pela escuridão de um personagem problemático.


  • Exemplo: Ciclano vivia em um mundo onde comer beijinho é aceitável. Contudo, após encontrar seu futuro Mestre Xiclano, percebe que o Lado Negro tem os docinhos mais gostosos. Eles são brigadeiros. Ciclano começa a amar brigadeiros e odiar beijinhos.


ARCO DA DESILUSÃO: Okay, esse não é tão negativo assim. Na verdade, como o próprio nome já sugere, é um arco em que a Verdade não é agradável. O personagem pode crescer positivamente e mudar pra melhor em alguma parte. Contudo, ele estará movendo-se de um lado positivo para um negativo, visto que sua Verdade é gélida e escura. Aqui, ele começará acreditando na Mentira, superará a Mentira, porém abraçará um trágico destino.


  • Exemplo: Beltrano acredita que o lugar em que a pessoa vive define sua condição social. Ele deseja viver em outra cidade, uma metrópole. Porém, precisaria aceitar-se antes de realizar qualquer movimento. Ele o faz e muda-se para a Metrópole, mas a vida de lá, descobrirá, é somente de fachada.

Foi? Deu pra entender os três tipos de Arcos Negativos? É claro que isso pode ser modificável ao seu bel-prazer, porém é bom conhecer esses arquétipos.

Sua história está que nem o Hulk: inabalável.


Ah, aliás: todos esses são Arcos de Personagem. Não fique preso ao protagonista, os personagens secundários também exercem profundo impacto de um romance. E é válido ressaltar novamente que todas as histórias tratam de mudanças, por isso, mude-a da maneira que mais lhe parecer agradável.
E acabou! \o/

Dúvidas, sugestões, questionamentos e filosofias sobre o post são aceitos no campo dos comentários. É isso aí, vejo vocês na próxima!

OBS: Esse post foi baseado nestes outros.
Negative Arc;
Flat Arc;
"General Arc".

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2 comentários

  1. Mas uma dúvida. Me disseram uma vez que eu teria que apresentar o enredo principal no primeiro capítulo para cativar o leitor. Mas, e se eu quiser mostrar um prólogo primeiro para depois inserir o leitor na história principal?

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    1. Oi, Adam.
      Você pode fazer isso, sem problemas. Seu prólogo não precisa conter algo sobre o enredo principal, mas ainda assim precisa cativar o leitor. Atente-se a isso.
      O capítulo um precisa apresentar o leitor ao mundo e ao geral do plot, sempre pensando em como cativar e convencer um leitor a acompanhar sua história.

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