Escrever pelos moldes da escrita


Olá, ferona, ferinha, ou o aleatório que achou as imagens fofas e decidiu conferir a postagem.

A postagem de hoje trata de um problema que vemos em várias light novels que não param de chegar em nossa caixa de entrada. 

Muitos de nós conheceram o fantástico mundo das light novels por meio de adaptações, principalmente as animadas. Não é novidade, o material original, infelizmente, ainda está fora de acesso para muitos, sem contar que, até um tempo atrás, muitos nem sabiam o que era uma light novel.

E por ser difícil classificar as light novels pelo escopo normal, muitos acabam por considerá-las como "um animê escrito", mas é isso mesmo, as light novels são escritas somente para virar animê? Não exatamente. Muitas relembram, e bastante, clichês e critérios de animê, mas elas devem ser escritas dessa forma? Vamos pensar um pouco.

Nós recebemos muitas "light novels" em que os feronas dizem "eu tentei criar um mangá, mas não consegui desenhar ou um ilustrador, por isso transformei em uma novel" ou "eu quero que isso vire anime". Nada contra seus sonhos, caro ferona, porém, vamos encarar a realidade um pouco? O arquivo de word que você escreveu, todo animado, após ver o primeiro episódio de SAO Alicization, e nomeou "MINHA_GRANDE_NOVEL.docx" não vai virar um animê tão cedo.


Especialmente se você usa onomatopeias que não fazem sentido nem para você. Ou escreve em estilo de roteiro. Já falamos sobre isso, confira as postagens.

Um dos motivos de reprovarmos vocês e mandarmos aumentar o acervo de leitura não é só por considerarmos sua primeira light novel algo que merece queimar nas chamas do inferno, mas é porque, você, sim, você mesmo, ferona-kun, não está escrevendo pensando em prosa. 

E o que seria isso, sua cara confusa me pergunta. Pois bem, antes de ser algo próximo a um animê, de pensar nas heroínas moe, se deve ou não usar honoríficos, entenda que sua novel é um texto em prosa e deve ser escrito com isso em mente. 

Ou seja, nada de ficar colocando as falas como em um roteiro, usar onomatopeias, descrever as coisas resumidamente como se estivesse só dando um contexto da cena, nem vem, ferinha. Escreva pensando na prosa, escreva um texto pensando em como torná-lo interessante como texto, não um "nossa, isso ficaria legal animado". Não queremos uma animação imaginária legal e um texto brochante, queremos um texto que nos faça pensar em algo legal por considerá-lo legal.

É por isso que é importante escrever pensando no que a plataforma da escrita pode lhe proporcionar, tem cenas que não podem ser adaptadas corretamente, e tem detalhes narrativos que só ficam na escrita, pois essa é uma das vantagens dela. Não se deve pensar somente em "como isso ficaria animado" na hora de escrever, você deve considerar como seu texto está antes de tudo. Está um texto legível? Eu consigo sentir sua voz de escritor por ele? 

Agora você está olhando para mim com cara de quem não entendeu nada e nem sabe por onde começar. Sabe, quando mandamos você aumentar seu acervo de leitura, queremos que você leia. É, a resposta é bem simples: leia. Leia bastante. E não fique somente na sua zona de conforto. Procure coisas diferentes. Não leia somente traduções, leia brasileiros. Leia os clássicos, os atuais, busque coisas que você não leria normalmente e tente analisá-las criticamente. Como essa cena funciona dessa forma? O que o autor fez aqui?

Tire da cabeça que escrever é apenas "deixar um roteiro menos roteiro" ou "tornar uma ideia de mangá em um texto". A escrita deve ser pensada, primeiramente, como ela mesma. Você deve escrever pensando nas ferramentas da escrita e não tentando encaixá-la nos moldes da sua primeira ideia.

Nada de escrever pensando em um animê, filme, mangá, RPG ou visual novel. Escreva pensando em na escrita pela escrita.

É assim que vamos tratar quem vier com essa história de que "escrevi pensando em tornar anime" ou "fiz isso para ser um mangá, mas aí adaptei para ser novel".

Talvez você goste destas postagens

3 comentários