Arco de Personagem Positivo: A Mentira e a Verdade!

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Bem-vindos de volta, escritores. Já faz um tempinho que não nos comunicamos por aqui, não? Pois bem, hoje retorno com um dos posts mais importantes para os escritores no geral: o que é um character arc (arco de personagem) e conceitos sobre The Lie, The Truth e o Arco Positivo ou Arco de Mudança. Prontos? Então, bora lá.


Ah, só um aviso antes de começar: Os leitores mais sagazes devem se lembrar que existem posts sobre a Jornada do Herói – um dos tipos de Arco. Por isso, falarei dele primeiro, porém de maneira menos aprofundada quanto os outros. Passem na Parte 1 e Parte 2 da Jornada do Herói depois para que possam entendê-lo melhor. Contudo, vamos esclarecer uma coisa:

“Personagens são pessoas.”

Assim como nós, eles mentem, falam a verdade, matam, protegem. Todos esses verbos são o que movem sua história adiante. E digo mais: movem a humanidade. Porém, assim como nós, eles também têm trajetórias diferentes e finais diferentes, afinal, não passam de humanos, demasiadamente humanos.

Esse agrupamento de causas, motivações, rupturas e consequências é o que se pode chamar de Arco de Personagem. 

Agora que já entendemos basicamente o que é um A.P, vamos entender o mais conhecido deles, como também alguns termos que nos ajudam a defini-lo melhor. Conforme as coisas forem avançando, explicarei os conceitos sobre esse lado mais técnico da escrita, okay? o/

MENTIRAS E VERDADES + ARCO POSITIVO

Como já citado anteriormente e deduzido pelo nome, o Arco Positivo é aquele em que as coisas acabam bem – mas, preste atenção, elas nem sempre foram assim!
Para que haja a transformação do seu personagem em algo melhor, “mais positivo”, é necessário que haja também a apresentação de algo ruim para que a gente entenda o que é bom e o que é mau dentro do universo da história, concorda? Isso pode ser representado por um pensamento, um jeito de ver o mundo, um local.

E se o seu personagem vai se transformar em algo melhor e sua história vai terminar dessa forma, concorda também que, no começo, ele tem de estar em uma situação miserável? Assim, haverá um contraste entre o início e o final, mostrando a evolução do personagem conforme a trama vai chegando perto do fim. 

Ficou muita coisa junta? Peraí que eu já vou dar um jeito.

     1.O Personagem começa de uma maneira ruim.
        •  Sou um fazendeiro e esse é meu destino até que a Dona Morte me carregue.
    2. O Personagem termina de uma maneira boa.
        •  Sou um Cavaleiro de Dragão.
Nesse exemplo, ser um fazendeiro é ruim, e ser um Cavaleiro de Dragão, a coisa boa. Assim, nós veremos um personagem que começa debaixo, subindo aos poucos, até chegar ao topo e terminar feliz.

Ainda nesse exemplo, continuar em seu estado de fazendeiro é chamado de Mentira ou Lie. Ou seja, é algo que o personagem acredita/é/vive, porém, se trata de um equívoco.

Com o decorrer da história, suas crenças sobre o Mundo Original serão colocadas à prova: provações, desafios e inimigos ajudarão o personagem a mudar sua visão, rejeitando sua Mentira e, através de questionamentos, erros e acertos, encontrar sua Verdade


Não, não, não! Não é essa Verdade!

A Mentira em si não é totalmente visível; ela se mostra através das consequências no Mundo Original. Ser um fazendeiro e não estar satisfeito com isso gera um sentimento de tristeza, angústia, incertezas. Esses são os sintomas da Mentira — olha a lição de moral! Por mais que ele queira sair dessa situação, não pode, pois a Mentira não foi rompida ainda. 

“Então o Fazendeiro precisa parar de ser um fazendeiro triste e chato e ser um Cavaleiro de Dragão, Vong?”

Não é bem assim. Ele quer ser um Cavaleiro de Dragão, mas ele não precisa deixar de ser um fazendeiro para bradar espadas flamejantes e montar em seres gigantescos que cospem fogo. Lembra que eu disse que eles são humanos? Então, quantas vezes você já não teve de decidir entre uma coisa que queria e outra que precisava? 

O que ele quer é ser um Cavaleiro de Dragão, algo que ele pensa que pode acabar milagrosamente com sua situação de angústia. Mas ser só um Cavaleiro não garante que ele vai ficar livre desse sentimento, vai?

É, não vai.

Na verdade, ele precisa se libertar das amarras de sua condição social, viver seus sonhos de forma plena, fazer o que sempre quis fazer. Essa é a Verdade.  

“Então a Verdade é o que ele Precisa e a Cura para os Sintomas é o que ele Quer?

Exato, meu caro Watson! A Verdade é o antídoto personalizado para combater os Sintomas da Mentira. Ele não precisa ser um Cavaleiro para ser feliz; ele precisa de coisas não palpáveis, como sentimentos de felicidade e proteção. E, por mais que montar em um Dragão possa lhe trazer isso, não é o que o fará plenamente feliz, essencialmente.

Se ele perder essa Verdade, nunca será capaz de crescer. Por mais que sua história cresça em relação ao que ele quer, se você olhar com cuidado, verá que, na realidade, ela sempre foi sobre o que ele precisava, conscientemente e/ou não. 
E, quando ele alcançar O Que Ele Precisa, poderá alcançar O Que Queria, quem sabe. Ou ele pode sacrificar o que ele Quer para ganhar o que Precisa, se você quiser. Sinta-se livre para decidir e expandir mais e mais essa lista.
Crescer positivamente usando a Verdade é o cerne do Arco Positivo.

"Ok, isso eu consegui entender. Mas o que é o Arco Positivo de verdade, fora o que você já falou?"

Ownt, que fofinho <3

Vixi, tá certo. Ele é bem simples de entender, porém, caso deseje se aprofundar mais, só clicar aqui para ler o post sobre a Jornada. Em síntese:

1.       Começa no Mundo Exterior, com a Mentira e suas consequências.
2.       O Que Precisa x O Que Quer.
3.       O Despertar da Aventura  (Espera, não quero/posso mais viver assim!)
4.       Provações e Antagonista para colocar em prova o que ele acredita.
5.       Mudança psicológica e/ou física baseada em seus conflitos externos e reflexões.
6.       Alcance do Que Verdadeiramente Precisa.
7.       Volta para Casa.

E esse foi o Arco Positivo! Simples, não? Daqui alguns dias, voltarei com os outros dois: o Arco Horizontal/Plano e o Arco Negativo.

Ficou curioso? São só alguns dias. Enquanto isso, coloca aí nos comentários qualquer dúvida que tiver em relação ao post; estarei disposto a saná-las. 
And that’s all, folks!

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2 comentários

  1. Oi, eu tenho uma curiosidade. Se eu estiver escrevendo uma história, eu terei que explicar tudo dela no prólogo? Quer dizer, mostrar o mundo inteiro no 1 cap?

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    1. Olá, Anôn.
      Você não precisa explicar tudo no começo. Na verdade, não faça isso porque vai matar o interesse na sua história. Explique as coisas aos poucos. No começo, você deve dar ao leitor a base do seu mundo para ele ter uma noção do que está acontecendo, e conforme a história progredir, você explica como tudo funciona no seu universo melhor.

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